terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

CHLOE CHRONICLES: EPISÓDIO "COLLATERAL"

Era uma vez um monge que sonhou que era uma borboleta. Mas em determinado momento do seu sonho, tudo se tornou tão intenso que ele não conseguia mais distuinguir realidade de imaginação e passou a não saber se era um homem sonhando ser uma borboleta ou uma borboleta sonhando ser um homem. A existência é um efeito do sonho, ou o sonho é um efeito colateral de nossa existência? Quase todas as questões filosóficas e fisiológicas do existir e suas dimensões foram postas à prova por nossos heróis em Collateral.

Acordar desnorteados e sem poderes fez nossos heróis questionarem mais do que eles desejariam saber ou imaginar. Loucura, desconfiança e incertezas caminharam ao lado deles enquanto eram guiados em um mundo virtual por alguém que poderia ser a única a saber como livrá-los, ou a entregá-los de uma vez por todas à perdição.

Num mundo de sonhos Oliver Queen questionou a própria sanidade quando se recusou a aceitar o que seus instintos lhe mostravam como verdade, uma traição, de uma pessoa que, muito antes de entrar em seu coração, ganhou seu respeito e sua amizade. E, talvez disso nasceu a confiança que o fez saltar do alto de um prédio, não sob um céu de vanilla, mas sobre o portal que o levaria de volta para casa. No mundo real, as lições que aprendeu ao se deparar com uma antiga deusa apaixonada o levaram a aceitar que o amor pode não ser eterno, posto que é chama, mas pode ser infinito no tempo que durar o seu encantamento – e aqui peço licença para citar outra crônica desta temporada, mas o momento é certo.

Dinah Lance levou suas desconfianças reais para o mundo virtual. E quem pode julgá-la? Certamente, eu não. Em algumas aparições num episódio dividido com outras estrelas e heróis, Lance mostrou porque vai chegar ao topo da Liga, que pra ela já é muito importante, além de circular e integrar outros grupos de heróis. Os questionamentos e as dúvidas de Lance revelam um comprometimento com o bem maior acima de tudo, e maior do que muitos dos outros, pois não importa a traição ou o traidor, o que ela defende é mais valioso.

Com a precisão de quem conhece os passos da caça, Chloe Sullivan se mostrou uma habilidosa caçadora, usando suas informações como uma arma poderosa e tratando-as com a responsabilidade de quem aprendeu a lição à duras penas. Com isso, Sullivan neutralizou alguns de seus inimigos e ajudou seus amigos num momento crucial. Mas nem assim ela deixa de ter o travo amargo de saber o que está por vir e de saber que, mesmo compartilhando da companhia dos amigos e da família que ela ama, isso vai ser apenas um momento no tempo, que seu futuro e seu destino não segue a mesma estrada que a deles.

Clark Kent foi o mais relutante de todos a aceitar que seus sentidos estavam lhe pregando sucessivas peças, que nada do que ele via, ouvia e sentia era real. Mas no fundo, seu coração conhecia a verdade, e quem melhor para entrar em seu coração do que Lois Lane? Quem melhor do que ela para lhe mostrar o quão grande e sensatos são seus sentimentos, mesmo quando acorrentados à mágoa de ter sido abandonado por uma amiga sem ao menos uma explicação, por minima que fosse? Lois Lane conhece como ninguém o coração de Clark Kent, mais até do que ele mesmo, e foi a chave perfeita para abrir o mundo da realidade. E, mais uma vez, com Lois nos braços, Clark saiu do chão, tirando da sua própria mente as travas que o prendem ao que o mundo e os instintos julgam possível, e percebendo que sua própria existência é uma contestação ao possível e um convite ao mundo onde as possibilidades não estão acorrentadas dentro de nós mesmos.

Mas, o Bardo disse uma vez que somos feitos da matéria dos sonhos, que nossas vidas pequeninas são cercadas pelo sono, e Lois Lane nos lembrou de que o único jeito de conhecermos a verdade é fecharmos os olhos e os ouvidos e termos fé.

por Chloe Sullivan


Tradução

Nenhum comentário:

Postar um comentário